quarta-feira, 23 de abril de 2014

O CARÁTER CRISTÃO


Querendo o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para edificação do corpo de Cristo; Até que todos cheguemos à unidade da fé, e ao conhecimento do Filho de Deus, a homem perfeito, à medida da estatura completa de Cristo”. [Efésios 4.12-13]

Introdução
Vivemos numa época em que os valores estão sendo descartados dia-a-dia.

A sociedade tem andado num ritmo acelerado de inversão de valores a ponto de não nos espantarmos mais com a infinidade de absurdos que nos são comunicados.

O mundo tenta impor, através dos meios de comunicação, que Deus, a família, a igreja, o bom caráter e a moral não são relevantes ou necessários.

Nesta sociedade relativista, o valor absoluto das coisas se perdeu, e cada qual cria seu próprio mundo, sua própria visão sua própria ética.

Desta forma, os valores que o cristianismo apregoa são considerados por muitos como falidos e ultrapassados.

Valores estranhos que outrora não faziam parte da realidade da igreja passam a ser tolerados.

A igreja que antes era caracterizada por andar na contramão dos valores materialistas tem se deixado levar por modismos e novidades que passam a moldar seu “novo” jeito de ser.

Neste ritmo, já não podemos brilhar como luz do mundo e nem temperar como sal da terra.

Neste ritmo, a moral e o bom caráter não têm um valor tão intenso como deveria ter.

Não importa se a igreja faz a diferença no meio em que está inserida, em sua comunidade, mas o que importa é ser numérica, mesmo que não tenha qualidade.

O objetivo é definir e apresentar uma proposta para trazer para a aplicação pessoal a essência do caráter cristão, entendendo como ele é formado, quais são seus valores, suas virtudes.

Veremos como isso faz toda diferença.

Definição

Segundo o Dicionário Aurélio, caráter é definido por: “qualidade inerente a uma pessoa; o que os distingue de outra pessoa; o conjunto dos traços particulares, o modo de ser de um indivíduo, ou de um grupo; índole, natureza, temperamento”.

O significado literal do termo grego charaktēr é “estampa”, “impressão”, “gravação”, “sinal”, “marca” ou “reprodução exata”.

Caráter é algo que vai sendo formado e impresso com o tempo em nosso interior, uma verdadeira marca.

O caráter de cada ser humano não é formado do dia para noite.

É um processo gradual que está relacionado a um amplo conjunto de fatores que influenciam na formação de cada um.

Meios como TV, internet, família, religião, infância, desprazeres, decepções, alegrias, enfim, uma gama variada de fatores influência na formação do caráter de cada indivíduo. Desde o berço.

O caráter cristão – formação, influências e virtudes

Assim como o caráter de cada indivíduo é formado desde o berço, nosso caráter cristão também passa a ser moldado desde o primeiro passo de nossa caminhada com Cristo (Jo 1.12  Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, a saber, aos que crêem no seu nome;

Jo.3.3 A isto, respondeu Jesus: Em verdade, em verdade te digo que, se alguém não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus.).

Os valores do Reino de Deus passam a ser impressos em nós, para que verdadeiramente possamos ser seguidores de Jesus Cristo genuinamente.

Deus usa de muitos meios e formas para que o caráter de seus filhos seja formado, mas sem dúvida alguma, o principal fator de influência é o agir da Palavra dEle na vida de cada um, bem como o consolo e direção que o Espírito Santo dá aos Seus (Ef 1.13 em quem também vós, depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação, tendo nele também crido, fostes selados com o Santo Espírito da promessa ).

Afinal, o que pode ser considerado como um caráter cristão?

Podemos relacionar alguns pontos, que evidentemente, não serão os únicos:

1)  Não se trata apenas de bons valores morais

Apesar do cristianismo carregar implicitamente um forte viés moral – pois a Bíblia nos dá parâmetros morais – o caráter cristão não está repousando apenas sobre o fato de ser “bom”.

A boa moral está contida, mas de modo algum é o todo.

Cada um de nós pode dar exemplos de pessoas que confessam ser cristãs, mas que não são bons exemplos de conduta digna, bem como pessoas não-cristãs que são cidadãos de bem.

2)  O cristão genuinamente bíblico admite suas falhas

Cada um de nós, sem exceção, é um pecador (Rm 3.23).

Todos temos o pecado dentro de nós, e isso produz limitações e conseqüentemente falhas.
A virtude do cristão de caráter é ser transparente, é ter dignidade suficiente para admitir que é limitado e que depende completamente da misericórdia e graça do Senhor.

3)  O caráter moldado cria controle
Quando nosso caráter entra em fase de maturidade, conseguiremos controlar situações que de algum modo podem manchar a marca de Jesus em nós, afetando nosso testemunho cristão.
 
Neste ponto de plenitude, não haverá espaço para amargura, ira, discórdia, egoísmo, arrogância, discussões, facções.
 
Apesar de – eventualmente – tais coisas ocorrerem, precisam ser enfrentadas e enfraquecidas.
Nosso ser por completo, mente, atitude, palavras, precisa ser um meio de culto e adoração permanente (Mc 12.30 Amarás, pois, o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todo o teu entendimento e de toda a tua força. ;
 
Gl 5.22 Mas o fruto do Espírito é: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade ).
Com tal caráter formado em nós, passaremos a frutificar em atitudes que atestam que somos de
Deus e temos Sua Palavra em nossas vidas.
 
Passamos a frutificar em virtudes, como:
Pureza ,vida separada – santificação – para o Senhor.

 Uma vida distinta num mundo corrupto (Fp 4.8 Finalmente, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é respeitável, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se alguma virtude há e se algum louvor existe, seja isso o que ocupe o vosso pensamento. ).

Imparcialidade -trataremos a todos – seja quem for – de modo único, sem acepção de pessoas.

 Seremos justos com as pessoas, independente de afinidade, sejam amigos, parentes, irmãos, parceiros de caminhada (1Ts 5.15 Evitai que alguém retribua a outrem mal por mal; pelo contrário, segui sempre o bem entre vós e para com todos. ).

 Sem fingimento - é prezar pela verdade.

Não existe espaço para máscaras e ânimo duplo ( Tg 4.8 Chegai-vos a Deus, e ele se chegará a vós outros. Purificai as mãos, pecadores; e vós que sois de ânimo dobre, limpai o coração.).
 
Humildade - ninguém é auto-suficiente.  

Vaidade e soberba não devem encontrar espaço no coração do cristão; tais coisas devem ser banidas de nosso meio! Somos um corpo e dependemos uns dos outros (Mt 5.3 Bem-aventurados os humildes de espírito, porque deles é o reino dos céus.).
 
Mansidão - serenidade. Ser manso, não permitindo que disputas e discórdias tomem conta.
Gentil, sensível e paciente com todos (Mt 5.5 Bem-aventurados os mansos, porque herdarão a terra. ).
Misericórdia - compaixão pela dor, “pela miséria do coração” alheio.

 Entender que nosso próximo pode passar por lutas, dores, infelicidades extremas. Experimentar e participar do sofrimento alheio (Mt 5.7 Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia. )
 
Coração puro  ser livre de impurezas no altar – no coração.

Relacionamento constante com Deus e com a Sua presença, nos limpando genuinamente daquilo que nos separa dEle (Mt 5.8 Bem-aventurados os limpos de coração, porque verão a Deus.  ).

O modelo supremo de caráter – fonte de inspiração

Nosso modelo supremo de formação de caráter é nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo!

Ele deve ser nosso alvo, razão, adoração, modelo, tudo!

 Afirmar que somos cristãos é carregar nos ombros a responsabilidade de sermos seguidores e praticantes dos ensinos do Mestre.

 Ter um modelo é fundamental na formação do caráter, e para formação do caráter cristão, o modelo do Senhor nos leva a amá-Lo, admira-Lo, imitá-Lo, segui-Lo.

 Ele nos faz, dia-a-dia ver que podemos aplicar, viver e frutificar em tudo que vimos acima.

Que possamos afirmar, assim como Paulo que somos imitadores de Jesus (1Co 11.1). Para tal, devemos:
 
 Conhecer o Filho de Deus

Buscar estar em pura intimidade com o mestre e o auxílio do Consolador (Ef 4.13; Jo 15.5; 26-27; 1Jo 1.1-3).

O testemunho da Palavra e do Espírito Santo nos levam a conhecer e ter intimidade com Ele.

Submeter-se ao senhorio de Jesus  Rm 10.8-9
 
 Estar submetido completamente ao governo e autoridade de Cristo sobre nós.

Não basta reconhecer e ter Jesus como Salvador, mas sim estar submisso a Seu senhorio.
 
 Obediência irrestrita

A época em que vivemos tem ressaltado cada vez mais que o ser humano vive em rebeldia contra Deus e Sua Palavra.

Jesus nos mostrou que a obediência ao Pai deve ser praticada (Fp 2.8 a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até à morte e morte de cruz.  ).

Negar a si mesmo

Matar nossa carne e viver para ele; o negar a si mesmo é um verdadeiro atestado de compromisso com o Reino.

 Jesus serviu e não foi servido. Adoramos ao Senhor de modo especial quando estamos negando ao nosso ego e mortificando nossa vontade, deixando que Ele viva em nós (Gl 2.20 logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim; e esse viver que, agora, tenho na carne, vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e a si mesmo se entregou por mim.).

Que possamos caminhar moldando nosso caráter de glória em glória (2Co 3.18 E todos nós, com o rosto desvendado, contemplando, como por espelho, a glória do Senhor, somos transformados, de glória em glória, na sua própria imagem, como pelo Senhor, o Espírito.)

E que isso seja como aroma suave subindo à presença de Deus.
 
Um verdadeiro meio de adoração!

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