“Querendo o aperfeiçoamento dos santos, para
a obra do ministério, para edificação do corpo de Cristo; Até que todos
cheguemos à unidade da fé, e ao conhecimento do Filho de Deus, a homem
perfeito, à medida da estatura completa de Cristo”. [Efésios 4.12-13]
Introdução
Vivemos
numa época em que os valores estão sendo descartados dia-a-dia.
A sociedade tem andado num ritmo acelerado de inversão
de valores a ponto de não nos espantarmos mais com a infinidade de absurdos que
nos são comunicados.
O mundo
tenta impor, através dos meios de comunicação, que Deus, a família, a igreja, o
bom caráter e a moral não são relevantes ou necessários.
Nesta
sociedade relativista, o valor absoluto das coisas se perdeu, e cada qual cria
seu próprio mundo, sua própria visão sua própria ética.
Desta
forma, os valores que o cristianismo apregoa são considerados por muitos como
falidos e ultrapassados.
Valores
estranhos que outrora não faziam parte da realidade da igreja passam a ser
tolerados.
A igreja
que antes era caracterizada por andar na contramão dos valores materialistas
tem se deixado levar por modismos e novidades que passam a moldar seu “novo” jeito de ser.
Neste
ritmo, já não podemos brilhar como luz do mundo e nem temperar como sal da
terra.
Neste
ritmo, a moral e o bom caráter não têm um valor tão intenso como deveria ter.
Não
importa se a igreja faz a diferença no meio em que está inserida, em sua
comunidade, mas o que importa é ser numérica, mesmo que não tenha qualidade.
O objetivo
é definir e apresentar uma proposta para trazer para a aplicação pessoal a
essência do caráter cristão, entendendo como ele é formado, quais são seus
valores, suas virtudes.
Veremos
como isso faz toda diferença.
Definição
Segundo o
Dicionário Aurélio, caráter é definido por: “qualidade inerente a uma pessoa; o
que os distingue de outra pessoa; o conjunto dos traços particulares, o modo de
ser de um indivíduo, ou de um grupo; índole, natureza, temperamento”.
O
significado literal do termo grego charaktēr é “estampa”, “impressão”, “gravação”, “sinal”, “marca” ou “reprodução exata”.
Caráter é
algo que vai sendo formado e impresso com o tempo em nosso interior, uma
verdadeira marca.
O caráter
de cada ser humano não é formado do dia para noite.
É um
processo gradual que está relacionado a um amplo conjunto de fatores que
influenciam na formação de cada um.
Meios como
TV, internet, família, religião, infância, desprazeres, decepções, alegrias,
enfim, uma gama variada de fatores influência na formação do caráter de cada
indivíduo. Desde o berço.
O caráter cristão – formação,
influências e virtudes
Assim como
o caráter de cada indivíduo é formado desde o berço, nosso caráter cristão
também passa a ser moldado desde o primeiro passo de nossa caminhada com Cristo
(Jo 1.12 Mas, a todos quantos o receberam,
deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, a saber, aos que crêem no seu
nome;
Jo.3.3 A
isto, respondeu Jesus: Em verdade, em verdade te digo que, se alguém não nascer
de novo, não pode ver o reino de Deus.).
Os valores
do Reino de Deus passam a ser impressos em nós, para que verdadeiramente
possamos ser seguidores de Jesus Cristo genuinamente.
Deus usa
de muitos meios e formas para que o caráter de seus filhos seja formado, mas
sem dúvida alguma, o principal fator de influência é o agir da Palavra dEle na
vida de cada um, bem como o consolo e direção que o Espírito Santo dá aos Seus
(Ef 1.13 em quem também vós, depois que ouvistes a palavra da verdade, o
evangelho da vossa salvação, tendo nele também crido, fostes selados com o
Santo Espírito da promessa ).
Afinal, o
que pode ser considerado como um caráter cristão?
Podemos
relacionar alguns pontos, que evidentemente, não serão os únicos:
1) Não se trata apenas de bons valores morais
Apesar do cristianismo carregar implicitamente um forte viés moral – pois a Bíblia nos dá parâmetros morais – o caráter cristão não está repousando apenas sobre o fato de ser “bom”.
A boa moral está contida, mas de modo algum é o todo.
Cada um de nós pode dar exemplos de pessoas que confessam ser cristãs, mas que não são bons exemplos de conduta digna, bem como pessoas não-cristãs que são cidadãos de bem.
2) O cristão genuinamente bíblico admite suas falhas
Cada um de nós, sem exceção, é um pecador (Rm 3.23).
Todos temos o pecado dentro de nós, e isso produz limitações e conseqüentemente falhas.
A virtude do cristão de caráter é ser transparente, é ter dignidade suficiente para admitir que é limitado e que depende completamente da misericórdia e graça do Senhor.
3) O caráter moldado cria controle
Quando nosso caráter entra em fase de maturidade, conseguiremos controlar situações que de algum modo podem manchar a marca de Jesus em nós, afetando nosso testemunho cristão.
Neste ponto de plenitude, não haverá espaço para amargura, ira, discórdia, egoísmo, arrogância, discussões, facções.
Apesar de – eventualmente – tais coisas ocorrerem, precisam ser enfrentadas e enfraquecidas.
Nosso ser por completo, mente, atitude, palavras, precisa
ser um meio de culto e adoração permanente (Mc 12.30 Amarás, pois, o Senhor,
teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todo o teu entendimento
e de toda a tua força. ;
Gl 5.22 Mas o fruto do Espírito é: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade ).
Com tal caráter formado em nós, passaremos a frutificar em atitudes que atestam que somos de
Deus e temos Sua Palavra em nossas vidas.
Pureza ,vida separada – santificação – para o Senhor.
Imparcialidade
-trataremos a todos – seja quem for – de modo único, sem acepção de pessoas.
Não existe
espaço para máscaras e ânimo duplo ( Tg 4.8 Chegai-vos a Deus, e ele se
chegará a vós outros. Purificai as mãos, pecadores; e vós que sois de ânimo
dobre, limpai o coração.).
Humildade - ninguém é auto-suficiente.
Vaidade e
soberba não devem encontrar espaço no coração do cristão; tais coisas devem ser
banidas de nosso meio! Somos um corpo e dependemos uns dos outros (Mt 5.3 Bem-aventurados
os humildes de espírito, porque deles é o reino dos céus.).
Mansidão - serenidade. Ser manso, não permitindo que disputas e discórdias tomem conta.
Gentil, sensível e paciente com todos (Mt 5.5 Bem-aventurados os mansos, porque
herdarão a terra. ).
Misericórdia
- compaixão pela dor, “pela miséria do coração” alheio. Coração puro ser livre de impurezas no altar – no coração.
Relacionamento
constante com Deus e com a Sua presença, nos limpando genuinamente daquilo que
nos separa dEle (Mt 5.8 Bem-aventurados os limpos de coração, porque
verão a Deus. ).
O modelo
supremo de caráter – fonte de inspiração
Nosso
modelo supremo de formação de caráter é nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo!
Ele deve
ser nosso alvo, razão, adoração, modelo, tudo!
Que
possamos afirmar, assim como Paulo que somos imitadores de Jesus (1Co 11.1).
Para tal, devemos:
Conhecer o Filho de Deus
Buscar
estar em pura intimidade com o mestre e o auxílio do Consolador (Ef 4.13; Jo
15.5; 26-27; 1Jo 1.1-3).
O
testemunho da Palavra e do Espírito Santo nos levam a conhecer e ter intimidade
com Ele.
Submeter-se
ao senhorio de Jesus Rm 10.8-9
Estar submetido completamente ao governo e autoridade de Cristo sobre nós.
Não basta
reconhecer e ter Jesus como Salvador, mas sim estar submisso a Seu senhorio.
Obediência irrestrita
A época em
que vivemos tem ressaltado cada vez mais que o ser humano vive em rebeldia
contra Deus e Sua Palavra.
Jesus nos
mostrou que a obediência ao Pai deve ser praticada (Fp 2.8 a si mesmo se humilhou,
tornando-se obediente até à morte e morte de cruz. ).
Negar a si mesmo
Matar
nossa carne e viver para ele; o negar a si mesmo é um verdadeiro atestado de
compromisso com o Reino.
Que
possamos caminhar moldando nosso caráter de glória em glória (2Co 3.18 E todos nós, com o rosto
desvendado, contemplando, como por espelho, a glória do Senhor, somos
transformados, de glória em glória, na sua própria imagem, como pelo Senhor, o
Espírito.)
E que isso
seja como aroma suave subindo à presença de Deus.